Notícias

 


 

Em 1978, a então jovem Suzette Aparecida Aizza, 17 anos, estava em dúvida sobre qual caminho profissional iria seguir. O pai queria que ela fosse engenheira. Parte da família tinha cursado Direito. Junto com o Ensino Médio, Suzette terminou o técnico em contabilidade, mas a relação com os números não era boa. Até que ela decidiu entrar em um cursinho para atendente de enfermagem na Santa Casa de Jahu.

 

“Eu tinha muito medo de sangue, não podia chegar perto de farmácia, hospital que eu passava mal”, relembra. Mas contrariando todas as expectativas, a jovem foi uma das melhores alunas do curso e acabou contratada para trabalhar. A função, hoje extinta, era o primeiro degrau na área da enfermagem.

 

A menina que não podia ver sangue ficou quatro meses no setor cirúrgico do hospital e foi transferida para a UTI, de onde nunca mais saiu. Com o tempo, a atendente de enfermagem foi crescendo na carreira. E aquela dúvida da adolescência já não a acompanhava mais. O destino era entrar na faculdade e se tornar enfermeira.

 

Com 42 anos dedicados à Santa Casa, Suzete é a mais antiga enfermeira trabalhando no hospital. “Deus me colocou nessa profissão por amor. No começo, era falta de opção mesmo, mas depois foi tão interno, tão profundo que só muito amor envolvido pode explicar. A Santa Casa é minha segunda casa, emociono-me muito em pensar que um dia vou sair daqui”, conta, segurando as lágrimas.

 

De acordo com a enfermeira, a sociedade nunca valorizou a profissão, mas essa situação não a desanima. “Eu sempre observo com olhos de amor e dedicação. É focar em cuidar com carinho das pessoas. Entro aqui e esqueço que tenho uma família para poder cuidar de familiares de outras pessoas. Minha sensação é de dever cumprido. É satisfação por ajudar a quem precisa”, explica Suzete, compartilhando como se sente após mais de quatro décadas no primeiro e único emprego da vida.

 

Dia do Enfermeiro
12 de maio foi escolhido para comemorar mundialmente o dia do Enfermeiro e da Enfermagem. Nessa data, em 1820, nasceu Florence Nightingale. Criadora da primeira escola de enfermagem da Inglaterra, a enfermeira britânica se destacou por ser pioneira em tratar feridos de guerra. É reconhecida como a mãe da Enfermagem moderna, deixando bases e ensinamentos seguidos até hoje.

 

Atualmente, a Santa Casa de Jahu conta com 136 enfermeiros, divididos entre coordenação, supervisão, enfermeiros administrativos e assistenciais. Além deles, a enfermagem é composta por 2 instrumentadores cirúrgicos, 646 técnicos de enfermagem e 45 auxiliares de enfermagem, totalizando 829 pessoas. Isso equivale a 57% do número total de funcionários que trabalham hoje no hospital.

 

Quem tem a função de gerenciar toda essa equipe é a enfermeira Regiane Laborda. Funcionária da Santa Casa desde 1993, ela atua como coordenadora há seis anos. Antes, trabalhou em UTI, Centro Cirúrgico e fez aprimoramento em Enfermagem Paliativa. É especialista em gestão de enfermagem e Enfermagem Forense.

 

 

Regiane é mais uma apaixonada pela profissão. Ela consegue traduzir, com muito conhecimento, a essência do que é fazer parte da enfermagem, principalmente em um momento delicado, em que a pandemia do Coronavírus reforça ainda mais a importância dos profissionais de saúde.

 

“Cuidar de alguém não é simplesmente executar uma tarefa ou aplicar alguma estratégia para realizá-la. É unir um conjunto de saberes e atitudes e usá-los com esmero, resiliência e amor ao próximo. A Enfermagem luta bravamente para salvar vidas, expondo as próprias vidas. No meio do caos, sempre encontramos uma maneira de sorrir com os olhos, de demonstrar afeto por meio do toque emborrachado das mãos protegidas por luvas. Nessa pandemia, certamente muitos vão adoecer, mas jamais perderemos a essência de cuidar das pessoas”, resume Regiane.

 

Uma essência e uma entrega traduzida por Florence Nightingale há mais de 100 anos:

 

“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor É uma das artes; poder-se-ia dizer; a mais bela das artes!” (Florence Nightingale).