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Uma brincadeira vem chamando a atenção dos pacientes da Hemodiálise da Santa Casa de Jahu. É o Perder para Ganhar, gincana criada pela nutricionista do setor, Suelen Carretero.

O funcionamento é bem simples: antes das sessões, os pacientes sobem na balança para acompanhar o chamado peso dialítico, que é aquele registrado entre uma diálise e outra. É essa variação, causada pelo acúmulo de líquidos no corpo do paciente, que deve ser retirada. Quem ganhar menos peso, tem o direito de avançar com o carrinho na corrida criada pela Suelen.

A "pista" é uma cartolina afixada na parede com os nomes e os carros dos competidores, feitos de papel. Aqueles que cruzarem a linha de chegada vão ganhar um prêmio.

“Não existe um padrão de peso. Cada paciente tem uma média e o quanto ele pode ganhar entre as sessões. Se ele vier na média ou abaixo dela, ele anda com o carrinho. A ideia é criar uma rivalidade do bem em que um acaba incentivando o outro. Isso tem acontecido. Tem gerado impacto, os pacientes ficam falando entre eles da posição dos carrinhos”, comenta a nutricionista.

Suelen ressalta que a dieta define a qualidade de vida do paciente e até a eficácia da filtragem do sangue. Quanto mais peso dialítico, mais agressiva é a sessão e as chances de aparecerem efeitos colaterais, como câimbra, pressão arterial baixa e queda de glicose. O excesso de peso líquido também compromete a eliminação de toxinas do organismo. Quem vem menos “pesado”, consegue remover mais impurezas.

É o caso do Nilson Aparecido de Lima, 58 anos. Ele faz hemodiálise desde julho do ano passado. No começo, chegava as sessões com até quatro quilos a mais. Com a ajuda da corrida e ajuste de dieta, os números despencaram e a balança chega a registrar agora apenas 200 gramas.

“Antes a turma vinha pesada. Agora eles estão vindo mais leves, estão competindo mesmo. Eu também estou, não gosto de perder. Entrei para ganhar. O problema é sábado e domingo, a gente fica em casa, come um churrasquinho, mas a gente se preocupa. Estou vindo mais leve mesmo de segunda-feira. É o efeito dos carrinhos”, relata Nilson.

O espírito de competição chegou para valer na hemodiálise. Por enquanto, a brincadeira é feita com o turno da tarde de segunda, quarta e sexta-feira.”O pessoal da manhã já está com ciúmes. Eles vêm me perguntar: cadê meu nome, cadê meu carrinho? A brincadeira surtiu um efeito muito melhor do que eu sentar ao lado deles e ficar como chata, proibindo tudo”, finaliza Suelen.