Notícias

 

O Coronavírus chegou ao Brasil! E agora?

 

Após a confirmação do primeiro caso do Coronavírus no Brasil, registrado na cidade de São Paulo, surgem muitas dúvidas e, principalmente, medo da doença por parte da população. O médico infectologista e presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Jahu, Dr. Daniel Márcio Elias de Oliveira, comenta sobre os cuidados e o que se sabe até o momento da doença.

 

O aparecimento do primeiro caso de Coronavírus no país é motivo para pânico?

Dr. Daniel: Não é. Ainda não sabemos como o vírus vai se comportar no Brasil. Estamos no verão e tudo indica que a propagação deve ser menor aqui do que está sendo na China. É preciso enfrentar a situação com serenidade. Hoje, suspeitos são os casos em que há vínculo epidemiológico. Por exemplo, pessoas que viajaram recentemente para áreas de transmissão sustentada (aquelas onde há mais de cinco pessoas infectadas com transmissão no próprio país) como Itália, China, Coreia do Sul, Irã, e apresentaram sintomas sugestivos de infecção respiratória quando retornaram. Ou, em uma suposição, a esposa do paciente de São Paulo, que teve confirmação do Coronavírus. Vamos dizer que ela, convivendo com o marido, comece a apresentar os sintomas. Aí sim é um caso suspeito. Agora, nós, aqui em Jaú, que não viajamos para esses países recentemente, não somos pacientes suspeitos até o momento.

 

Quais os sintomas que devem acender o sinal de alerta?

Dr. Daniel: São sintomas parecidos com os de um resfriado ou uma gripe. Febre alta (que pode durar mais do que cinco dias), tosse, dor de garganta, espirros, coriza.

 

Quais os cuidados podem ser tomados?

Dr. Daniel: O principal é higienizar as mãos com muita frequência, de preferência com água e sabão, lembrando-se sempre de esfregar bem todas as partes, incluindo pulso, dedos, unhas. Álcool 70º em gel também pode ser usado, ele é eficaz. Evite tocar em superfícies de uso comum (mesas, corrimãos) e ficar colocando a mão nos olhos, boca e nariz. Se tiver um aumento expressivo de casos, é importante evitar locais de grande aglomeração. Outra recomendação é a tosse com etiqueta. Quando for tossir, espirrar, coloque alguma coisa na frente da boca sem ser as mãos (lenço, antebraço) para evitar a propagação do vírus.

 

A Santa Casa está preparada para atender casos suspeitos?

Dr. Daniel: Em 31 de janeiro, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa (CCIH) elaborou um protocolo, um fluxo de atendimento. O paciente que tiver suspeita da doença vai ser atendido com prioridade e receber, no ato, uma máscara cirúrgica, assim como acontece em casos suspeitos de Influenza. O profissional de saúde também vai usar máscara e demais equipamentos de proteção. Aí, vai ser analisado se é preciso internação ou se o quadro clínico permite tratamento domiciliar.

 

Como é feito o tratamento?

Dr. Daniel: Para pacientes que não têm fatores de risco, sem doenças crônicas, com idade entre 2 e 60 anos, o indicado é o isolamento domiciliar durante 14 dias (quarentena). Agora, se o paciente tiver algum fator de risco ou comprometimento pulmonar, ele deve ficar hospitalizado. O tratamento é o de suporte, ou seja, dar condições para que o organismo se recupere. Como a confirmação da doença não sai na hora, entramos também com antibióticos e antivirais. O material biológico é coletado e exames virais são feitos para identificar o vírus.